Quando pensei Permacultura, num contexto geral, pensei a forma de triagem
do meu próprio lixo. A ideia é não gerar lixo de jeito nenhum. Assim o tento.
Pensei a forma de reutilizar meus
próprios pneus inservíveis. Porém com
arte, lógico.
A resolução Conama (Conselho
Nacional do Meio Ambiente)Nº 258 de 08/1999 estabelece regras para a destinação
final de forma ambientalmente adequada e segura dos pneumáticos inservíveis.
Em 2006 andei a coleta de pneus.
Oito borracharias da cidade me cederam os pneus que iam para o lixão da cidade.
Era o meu compromisso de sábado de manhã. Coletei 2.000 pneus e levei-os para o
sítio.
O destino que designei a eles era
a construção da sede do sítio. O escritório, a
galeria e dois decks para a beira do rio.
Tudo planejado. Chamei a
vigilância sanitária para que fizesse a vistoria. Tudo certo. A ideia é que
ficasse assim:
Duas
torres construídas com pneus formando duas salas e na fachada que dá acesso ao
vão da galeria, paredes de pedra do morro. Telhado de taubilhas de maçaranduba
reciclada. Forro interno de caixas de tetrapaks.
Quando você se
propõe a quebrar paradigmas você é taxado de louco, eco-chato e alguns adjetivos mais. Sabe aquele vizinho que não
procura conhecer os reais motivos? Assim o fez: conseguiu atear fogo na minha
montanha de pneus fazendo subir aquela fumaça fedorenta e poluente causando o
que eu realmente queria evitar: a emissão de C02 na atmosfera. Ao deparar com
as cinzas fumegantes e todos aqueles aros aramados espalhados no chão da
estância ajoelhei-me e chorei. Foram
dois anos de trabalho em vão.
Aquele vizinho a partir dali
nunca mais me olhou nos olhos. “
Pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros” Eclesiastes
7:22. E exatamente naquele local, não mais quis brotar uma semente
sequer.
Consegui que a prefeitura levasse
um carregamento para mim nos padrões aro 13, 14 e 15. Usei 260 pneus em cada
deck de dez metros de diâmetro. Com a pá mecânica da prefeitura aterrei os
decks. Ficaram assim: a paisagem acinzentada foi pela ação do fogo.